Objetivos da fisioterapia

Os objetivos da fisioterapia na fase inicial de uma hérnia discal sintomática são sobretudo a diminuição da dor/contratura muscular, o que vai permitir uma retoma gradual aos gestos do dia-a-dia.

Seguidamente, o objetivo é a recuperação funcional global, que inclui a melhoria da mobilidade da coluna e da força dos músculos a este nível, permitindo o regresso progressivo à atividade de cada paciente.

O objetivo final do programa de reabilitação é a diminuição constante das forças de pressão (cargas) que se realizam sobre a estrutura que está alterada, ou seja, o disco inter-vertebral.

Para atingir estes objetivos são maioritariamente efetuados diversos tipos de exercícios, sempre individualizados (adaptados a cada pessoa), pelo que os riscos e as complicações deste tratamento são mínimos.

Em que consiste a fisioterapia?

A fisioterapia na hérnia discal lombar tem que ser sempre feita de acordo com as queixas de cada paciente, especialmente na fase aguda, em que a dor limita muito os movimentos – nesta fase a termoterapia com calor, a massagem e as correntes analgésicas são normalmente utilizadas para alívio do quadro álgico.

O programa de reabilitação após o diagnóstico de uma hérnia discal lombar é delineado tendo em conta o que cada paciente apresenta, pelo que deve ser sempre efetuada uma avaliação completa de cada indivíduo logo que possível, dando particular atenção à coluna e à pesquisa de défices e desequilíbrios – estes é que serão alvo de um trabalho mais diferenciado.

Mal a dor permita, é fundamental que se iniciem os exercícios de correta ativação e de reforço sobretudo do músculo transverso abdominal, estrutura fundamental no equilíbrio de forças nesta região. Assim que for possível, deve também iniciar-se o trabalho de recuperação da mobilidade da coluna para os níveis prévios ao aparecimento da hérnia discal lombar e, se sem contra-indicações e se necessário, deve-se tentar aumentar estas amplitudes articulares (não descurando a mobilidade da região cervical e, sobretudo, da região dorsal). Devem também ser aplicadas técnicas de libertação miofascial, com especial foco nas estruturas dolorosas e/ou encurtadas.

Além do músculo transverso abdominal, os restantes músculos do core (já anteriormente referidos) têm igualmente de ser trabalhados, nomeadamente o multifidus, sendo muito importante que se realizem sempre os corretos movimentos respiratórios, com uma boa excursão do diafragma. É também fundamental que se realize o reforço dos músculos abdominais oblíquos e dos glúteos (nomeadamente do glúteo médio), entre outros.

Após o trabalho de aumento da força e de re-equilíbrio muscular, é também muito importante que se realize um trabalho de aumento da resistência não só dos músculos deficitários, mas também global, para evitar a fadiga muscular em situações de sobrecarga mais prolongada para a região lombo-sagrada.

Outro tipo de preparação fundamental é o trabalho neuro-muscular, ou seja, devem-se realizar exercícios que promovam o correto recrutamento das diversas estruturas envolvidas em cada movimento / função da coluna – treinar a sequenciação neuro-motora mais eficiente (que inclui a antecipação) irá também facilitar a distribuição das cargas a nível lombar, poupando o disco inter-vertebral (poderá dizer-se que se o sistema músculo-esquelético aprender e treinar, conseguirá depois defender-se melhor).

Para a região lombar reveste-se de particular importância a relação com a bacia e ancas, pelo que na reabilitação após hérnia discal lombar se insiste também nos exercícios de mobilidade das ancas e nos exercícios que promovem uma correta coordenação lombo-pélvica, não descurando outras relações anatómicas importantes, nomeadamente com as cinturas escapulares (ombros).

Se existirem encurtamentos musculo-tendinosos relevantes, como por exemplo a nível dos músculos isquio-tibiais (parte de trás da coxa), devem ser realizados estiramentos específicos para essas estruturas.

Os diversos tipos de trabalho referidos podem ser executados em meio aquático, que só por si já permite uma diminuição importante da pressão que se exerce no disco vertebral que está lesionado, pelo que é um tipo de tratamento com grande interesse neste tipo de patologia.

Cada vez se tem dado mais atenção à motivação do paciente para realizar o programa de reabilitação após diagnóstico de hérnia discal lombar, já que é realmente uma peça fundamental para o seu sucesso – a dedicação e a qualidade do trabalho de cada um também se vão depois traduzir nos resultados. Obviamente que devem ser explicados a todos os pacientes os objetivos gerais do programa de reabilitação e, se for necessário, de todos os exercícios, de modo a que cada indivíduo fique devidamente informado de tudo, para mais facilmente se conseguir comprometer e ajudar na sua recuperação.

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Autora: Dra Helena Fernandes, Fisiatra

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