A entorse do tornozelo é a lesão mais frequente do desporto em geral e a sua frequência aumenta em modalidades como o basquetebol, voleibol e futebol, entre outras. As causas / fatores de risco são variados, sendo de salientar:

  • antecedente de entorse do tornozelo (já ter tido uma entorse antes);
  • prática de desportos com contacto, impulsão/salto e corrida;
  • calçado inadequado;
  • hiperlaxidez ligamentar generalizada;
  • dismetria dos membros inferiores (um mais curto que o outro);
  • défice de dorsiflexão do pé;
  • défice de força muscular e/ou de velocidade de reação dos músculos peroneais;
  • défice propriocetivo e de controlo postural;
  • fadiga.

Fisioterapia nas entorses do tornozelo

Nos desportistas tem que se ter sempre em atenção que o desejo de uma recuperação mais rápida não pode impedir a reabilitação completa da entorse do tornozelo, pois o retorno à atividade desportiva deve ser sempre realizado da forma mais segura possível.

Para quem pratica desporto, sobretudo de competição, é muito importante que no processo de reabilitação de uma entorse do tornozelo não se descure o treino das capacidades físicas que podem ser também trabalhadas, como por exemplo a resistência aeróbica – deve então ser mantido ou até aumentado o treino cardiovascular, com as devidas adaptações. Devem-se também manter os exercícios de reforço muscular possíveis, incluindo do membro inferior do lado da entorse (se necessário realizam-se os exercícios em descarga, isto é, sem o peso corporal), não esquecendo o reforço de músculos como os abdominais e os nadegueiros – que são depois fundamentais na estabilização corporal. Pode e deve também aproveitar-se esta fase para aumentar os exercícios de flexibilidade, com especial ênfase na cadeia posterior dos membros inferiores (músculos/estruturas da parte de trás da perna e coxa).

No desportista que sofreu uma entorse do tornozelo deve-se insistir logo que possível nos exercícios unipodálicos (apoio só num pé) e nos exercícios pliométricos (exercícios muito diversos, mas que incluem sempre saltos), já que são exercícios essenciais para a completa reeducação neuro-motora de qualquer atleta.
Outro aspeto fundamental na reabilitação de uma entorse do tornozelo de desportistas é o treino do gesto desportivo de cada desporto, isto é, os exercícios têm que progressivamente ser orientados para mimetizar as características de cada atividade desportiva, nomeadamente irregularidades do terreno, mudanças de sentido e direção, saltos, receções ao solo e quedas – a fase final do programa de reabilitação é sempre realizada no local do treino.

Regresso ao desporto

No desporto de competição é também importante que no regresso após a lesão se promovam diversos contextos de treino, se realizem diferentes sequências de exercícios e se introduzam focos externos de atenção, já que a mudança e a variedade de estímulos sensoriais / mentais vai melhorar o processo de reabilitação – mais uma vez utilizando a capacidade de adaptação das células e circuitos neuronais (neuroplasticidade).

Para a prevenção de novas entorses do tornozelo devem então ser introduzidos exercícios regulares preventivos desta lesão e, sobretudo nos desportos com maior risco de ocorrerem este tipo de entorse, devem também ser utilizadas ligaduras funcionais ou ortóteses (talas) adequadas, nos treinos e nas competições.

Autora: Dra Helena Fernandes

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