A palavra pubalgia significa dor (algia) na região do púbis, ou seja, na união dos ossos da bacia (à frente, entre as coxas), mas é uma palavra normalmente utilizada para referir dor neste local e também na região abdominal inferior, na região inguinal (virilha) e na região superior da coxa (sobretudo nos adutores, que são os músculos da parte de dentro da coxa). Veja imagens para melhor perceber a localização.

A pubalgia é então um sintoma (queixa de dor num ou mais destes locais) que pode estar associado a outras queixas e que está sempre relacionado com alterações no exame clínico (sinais), pelo que é mais correto denominar este quadro como síndrome (conjunto de sintomas e sinais) pubálgico. Este síndrome doloroso surge habitualmente associado à prática desportiva, quer seja desporto lúdico ou de competição, sendo uma causa comum da procura de consultas de Medicina Desportiva.

O síndrome pubálgico no atleta pode ter inúmeras causas e podem estar presentes ao mesmo tempo mais do que uma causa, pelo que o diagnóstico correto e tratamento adequado deste quadro constituem sempre um desafio. A grande maioria dos casos é tratada seguindo um programa de reabilitação específico e não com cirurgia.

Pubalgia aguda e crónica

Em relação à duração da sintomatologia, podemos diferenciar a pubalgia em:

  • Pubalgia aguda – dor súbita que surge durante a prática de um desporto e que mais frequentemente se deve a lesão a nível muscular, quer seja a nível dos adutores ou de outros músculos nesta região. Deve ser feito o diagnóstico do tipo de lesão e devem ser afastadas complicações como um hematoma (acumulação de sangue) intra-muscular extenso.
  • Pubalgia crónica – quando a dor possui 3 meses de duração (ou mais). É o quadro mais frequente a nível do desporto e habitualmente existem pelo menos 2 causas associadas. Nestes quadros crónicos é muito importante despistar a existência de uma hérnia (inguinal ou femoral) e também de patologia a nível da articulação coxo-femoral (anca), cujo tratamento pode ser uma cirurgia.
    Quer seja um quadro doloroso agudo ou crónico é fundamental afastar a possibilidade de se tratar de uma patologia grave (que necessite de tratamento urgente), normalmente genito-urinária ou intestinal, como por exemplo uma apendicite.

Causas da pubalgia

A pubalgia pode ter causas músculo-esqueléticas (relacionadas com músculos, tendões, ossos, articulações, etc.) ou causas não músculo-esqueléticas (relacionadas com patologia do aparelho digestivo, do aparelho urinário, da próstata, dos testículos, dos órgãos ginecológicos, etc.).

síndrome pubálgico no desporto é normalmente uma situação complexa, porque na maior parte dos casos tem uma etiologia multifactorial, ou seja, tem mais do que um fator como causa. Nestas situações é, muitas vezes, imprescindível a opinião de diversas especialidades médicas e dos outros profissionais que rodeiam o atleta, ou seja, é muito importante que exista uma equipa multidisciplinar que lide com a pubalgia do desportista.

A sínfise púbica (união entre os ossos do púbis) é uma articulação praticamente fixa, o que faz com que acabe por funcionar como um fulcro nos movimentos do corpo (sobretudo dos membros inferiores e tronco, mas também na maioria dos movimentos dos membros superiores), ficando então sujeita a inúmeras forças de sentidos muito diferentes e que atingem intensidades e/ou repetições máximas na atividade desportiva. Como a sínfise púbica tem muito pouca capacidade de adaptação a tantas solicitações (por ser uma ligação óssea quase sem mobilidade), a pubalgia no desportista frequentemente aparece porque surgem alterações a nível dos ossos púbicos (por exemplo inflamação óssea, ou seja, osteíte púbica), como consequência do desequilíbrio de forças nas inserções musculares adjacentes a esta articulação.

Num síndrome pubálgico deve ser sempre considerada a hipótese de existir alguma patologia a nível da articulação coxo-femoral (anca), nomeadamente um conflito femoro-acetabular (alteração da normal relação entre a cabeça do fémur e o acetábulo, que é a região do osso ilíaco que articula com o fémur) ou uma lesão a nível do labrum (estrutura que está dentro da articulação da anca).

Num atleta com pubalgia é necessário despistar a presença de uma hérnia inguinal (existência de um defeito importante na parede do canal inguinal e que dá origem a uma tumefação nesta região, ou seja, aparece um “papo” que aumenta por exemplo com a tosse), cujo tratamento habitualmente é cirúrgico. Existe outra patologia possível no atleta, a hérnia do desportista, que não é uma verdadeira hérnia (não existe o “papo”), mas sim um enfraquecimento / alteração estrutural da região inguinal. Neste caso o tratamento inicial do síndrome pubálgico geralmente é conservador (não cirúrgico), direcionado para outras alterações que, muitas vezes, também estão presentes, mas depois vai obviamente depender da evolução global do quadro.

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Autora: Dra Helena Fernandes, Fisiatra, Especialista em Medicina Desportiva

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